segunda-feira, 5 de junho de 2023

"O Justiceiro não existe..." No Universo Marvel 616 (Spoilers!)




Depois dos eventos em Punisher #12, a Marvel deixou claro que não quer o Justiceiro (como o conhecemos) na Terra-616.
Tal como no artigo que mencionei há quase um ano atrás, e que na altura não passava de suposições, a Marvel deixou claro nesta saga que o Justiceiro como o conhecemos até aqui, "não existe mais".


O Justiceiro tem sido um problema que a Marvel tem em mãos há algumas décadas. Desde o meio dos anos 90, depois da era de ouro do Justiceiro, a questão das armas para a sociedade norte americana começou a ser vista como um problema e desde aí a Marvel começou as primeiras tentativas de reinventar o personagem.
Histórias como o "Anjo Justiceiro" em 1998 ou o "Franken-Castle" em 2010, foram na minha opinião as primeiras tentativas para "mexer" com o personagem, mas nenhuma destas alterações modou a forma do personagem ser ou até mesmo as suas origens como nesta saga de Jason Aaron.




Retrospectiva à desconstrução de Frank Castle

Ao longo desta saga Jason Aaron desmoronou os alicerces principais do personagem quando introduziu-nos um jovem Frank problemático, com uma fixação por caveiras, animais mortos na estrada e livros sobre decapitações, aos 10 anos já contava com a sua primeira morte e antes de entrar nos fuzileiros navais já contava com mais 3 mortes na sua lista.
Após o fim da guerra e o retorno a casa, Frank nunca se compôs, não foi um bom marido nem um bom pai. Sempre disconectado do mundo real e sempre alienado do ambiente que o rodeava, apesar de todos os esforços de Maria tentar trazer Frank de volta à realidade, seja por terapia de casais ou outros métodos, o que Jason Aaron nos mostrou é que Frank estava demasiado "danificado" para cumprir o seu papel de pai e marido, demasiado ocupado para essas funções e livre para poder assistir a execuções públicas. 

E por aqui, a Marvel desconstruiu o Frank Castle que foi de cidadão exemplar e pai de família para um homem que nasceu para ser o Justiceiro e que não se tornou o Justiceiro porque perdeu a família mas sim porque sempre foi (desde criança) o Justiceiro.


"Isto significa que posso finalmente acabar de dizer o que queria no dia do Central Park. Nós acabámos Frank. Eu quero o divórcio. E desde que tecnicamente estou morta, eu já o tenho. Com a ajuda da Natasha, tomei a liberdade de dividir os teus bens. Eu vendi todas as casas abrigo e os seus interiores. Os bens imobiliários por si só atingiram um preço bastante elevado. Eu tenho a minha metade em dinheiro em vários sacos de viagem, no banco do meu carro".


A forma como Jason Aaron usou Maria para destruir Frank Castle foi humilhante (ver análise). Após ter servido o Tentáculo para manterem a sua esposa viva, a atitude desastrosa e muito exagerada de querer matar o Frank foi algo bastante forçado. A reação natural seria ficar desapontada, talvez na pior das hipoteses vê-lo como um monstro, mas matar?

Uma coisa é certa, Maria Castle foi claramente o grande vilão da série e venceu Frank sem precisar de lutar. Retirou todas as suas posses, terrenos, ficou com metade e doou a outra metade a instituições de caridade. Também lembrou Frank que perdeu a família muito antes do dia fatídico no Central Park, pois Maria iria pedir o divórcio antes das balas terem atingido os seus corpos. O mais forçado disto tudo foi que antes de Maria se ter lembrado de tudo e de ter descoberto que o Frank era o Justiceiro, parecia honesta nos sentimentos e pedir para Frank terminar a guerra, o que ele fez, até regressar a casa e ser baleado pela esposa.


Qual o futuro para Frank Castle no Universo Marvel?

 

Para já ainda é cedo para poder dizer qual será o futuro. Frank Castle após o diálogo com Maria, não soube o veredito da decisão dos Vingadores enquanto ao seu futuro. Ainda com uma réstia de poder da Besta desapareceu em frente dos Vingadores. Indo parar a Weirdworld onde no epílogo percebemos que a sua nova missão é proteger orfãos daquele Mundo, renunciando o nome de Justiceiro, e dizendo que se chamava de Frank.

Weirdworld é um Universo repleto de magia e fantasia (tudo a ver com o Justiceiro!), onde habitam criaturas fantásticas e civilizações estranhas. Muito parecido com o Universo de Conan, o Bárbaro. Apesar de ser um ambiente estranho ao Frank, relembro que o mesmo, já teve experiência na luta contra criaturas estranhas na minisérie "Kill Krew - Esquadrão Suicida". 

Weirdworld já foi visitado por outros personagens como o Capitão América e o Black Knight ( Cavaleiro Negro).

Afastando o Justiceiro do Universo 616, a Marvel ganha tempo para decidir o que fazer com o "Frank".
Não acredito que seja uma reforma do personagem como fizeram com o Nick Fury Sr., mas poderá levar algum tempo até vermos novamente uma série do Justiceiro.








 



 










 


quinta-feira, 1 de junho de 2023

[Análise] Punisher / Justiceiro Vol.13 #12 (fim, com spoilers!)

 


Jesús Saiz


Depois do um ano e meio após o lançamento desta nova saga, finalmente temos o último capitulo desta saga escrita por Jason Aaron, desenhos por Jesús Saiz, Paul Azaceta, cores por Dave Stewart e Matt Hollingsworth.

Um ano meio com uma história que poderia oferecer uma boa narrativa, independentemente de não ter a caveira original ao peito ou usar armas. Para mim o problema nem seria esse, mas realmente, foi um sinal do que poderia estar por vir. Jason Aaron focou a sua história em desconstruir o Frank Castle. Irei desenvolver mais sobre o futuro de Frank Castle no próximo artigo. 


Este capitulo continua depois de Frank ter sido alvejado por Maria ( com a arma especial que Frank criou para matar Ares) quando esta descobriu que ele foi o Justiceiro por muitos anos, usando os seus nomes como bandeira para a sua guerra.
Pouco tenho para acrescentar sobre este capítulo, não tendo muita acção, muitas páginas são sobre o interrogatório de Frank pelos heróis que lutou contra no último número. Doutor Estranho, Wolverine, Capitão America, Viúva Negra e Cavaleiro da Lua.

Até num simples interrogatório, Jason Aaron exagerou na reacção de Wolverine. De todos os personagens, este que também já serviu de peão da Besta, mostrou um comportamento errático para quem já trabalhou para o Tentáculo no passado.

Aaron deixou o "melhor" para o fim, Maria Castle teve o seu tempo também para confrontar Frank. Mais uma vez Jason Aaron teve a sua oportunidade para mostrar que consegue tornar personagens com potencial em personagens insuportáveis. Maria Castle que por meio da sua hipocrisia, critica Frank por ter usado o seu nome e dos seus filhos para uma guerra de morte, mas serviu-se do seu património para recomeçar uma vida nova, ou seja, com a ajuda de Natasha, Maria vendeu todos os terrenos e alojamentos que Frank detinha para ficar com metade e doar a outra metade a instituições de caridade. Por fim, quando o Frank iria saber o veredito da sua sentença, ainda com uma réstia de poder da Besta, Frank conseguiu escapar dos Vingadores para um mundo paralelo. 

Paul Azaceta


A Marvel tinha razão quando apelidou esta saga de "Punisher... No More"("Justiceiro... Nunca mais"), sabemos que nada é definitivo na Marvel, mas claramente, acabaram para já, com o Justiceiro no Universo 616.

Se há algo que não posso criticar de forma alguma, são os artistas e coloristas desta saga. Jesús Saiz, Paul Azaceta, Dave Stewart e Hollingsworth fizeram um trabalho notável. Foi sem dúvida uma história com grandes visuais. Dando ênfase a Jesús Saiz que cobriu os eventos actuais, onde a maior acção aconteceu, e claro, Paul Azaceta pela parte que desenhou do passado de Frank, que deu sempre um visual de banda desenhada independente, mas muito adequado.

Jesús Saiz



Notas Finais:

Por esta altura, e depois de 11 números,  já não esperava muito, estava preparado para tudo. Jason Aaron nunca conseguiu ter a minha atenção por mais de dois números seguidos, especialmente da forma como abordou o passado de Frank Castle. A forma como desenhou o enredo, tinha potencial, a execução foi péssima. Aaron poderia ter acabado esta história de uma forma mais correcta para os fãs que perderam um ano e meio a ler esta saga, mas não, o objectivo foi reformular o Frank Castle através de elementos desnecessários e tornar tudo num enredo de novela mexicana.


Avaliação final: 5/ 10