sábado, 27 de agosto de 2022

[Artigo] Porque a Marvel está a desconstruir o Frank Castle?

 



INTRODUÇÃO

A Marvel ao longo destes últimos três anos, tem lidado com algumas controvérsias em relação ao logotipo do Justiceiro. O logotipo do Justiceiro tem sido utilizado há décadas por membros das forças armadas e pela polícia, que inevitávelmente, sempre mostraram algum apreço pelo Justiceiro e pelo que o personagem representa nas bandas desenhadas.

Depois temos outros que não conhecem o personagem e usam o logotipo por ser "porreiro". 
Mas o que tem despoletado maior desconforto pela Marvel são alguns grupos como Molon Labe e outros com ligações ao ex- Presidente dos Estados Unidos que também usam a caveira do Justiceiro ou similar onde foram avistados na invasão ao Capitólio em 2021.
A Marvel aparentemente sentiu a vontade de desconstruir o personagem nesta nova saga ao leme do Jason Aaron, e é isso que vou falar abaixo.


CONTÉM SPOILERS [PUNISHER #5 (2022)]

Na semana passada fiz a análise da edição número 5 (aqui), onde expliquei alguns erros na caracterização do Frank Castle.
Na questão da caveira e das armas de fogo, acredito que no final desta saga, Frank irá voltar ao seu status quo, contudo as alterações às origens de Frank feitas por Jason Aaron poderão ou não permanecer.




O que está a correr mal?

Basicamente Aaron tomou a liberdade de mudar parte significativa do Justiceiro, desde a sua adolescência até princípio da sua fase adulta.
Frank, segundo esta saga, é um psicopata desde muito jovem onde aos 12 anos já tinha assassinado um homem e perto dos 18 já tinha quase uma mão cheia de mortes a seu cargo e ainda nem se tinha inscrito nos fuzileiros navais. Para não falar que a sua relação com a Maria, ter acontecido com base numa "farsa", criada pelo amigo de Frank, o Steadman ( que nos é apresentado na edição 5), que escreveu uma carta de amor a Maria passando-se pelo Frank para ajudar no relacionamento, Steadman estava procupado com o lado negro de Frank e viu este relacionamento como uma escapatória. Algum tempo depois, Steadman que sofreu um acidente e foi deixado à morte pelos seus colegas (antigos agressores na escola de Steadman). Frank matou-os a todos, sentindo se culpado por ter-se distraído com o relacionamento com Maria. 

Onde está o problema?

Bem, o problema é que o escritor (Jason Aaron) ou a Marvel, estão desconstruindo o personagem na sua raiz.
Da forma que Frank nos foi apresentado na sua infância, seja nos Diários de Guerra, ou na sua saga principal escrita nos anos 80-90 ou até mesmo em Tyger na saga MAX de Ennis, Frank não só nunca foi anti-social, como nunca tinha morto ninguém até à altura que entrou nos fuzileiros, pelo contrário, Frank entrou no seminário (Punisher: Intruder) para se tornar padre em busca de respostas pelo fato de nunca conseguir perdoar a quem o mal praticasse, após não ter conseguido "perdoar", Frank decidiu entrar nos fuzileiros navais.

Punisher: Intruder



O que me parece é que a Marvel quer acabar com a imagem do Justiceiro mais "heróico", ou seja, aquele cidadão exemplar, pai de família que teve um mau dia no Central Park. Não referindo que procurou dentro da lei formas de punir os responsáveis pela morte da sua família e essa lei falhou (Punisher: Year One), pois protegeu o grupo mafioso.
Este para mim foi sem dúvida um dos motivos de Frank ter começado a caça por ele mesmo a todos os praticam crimes violentos, não só porque a sua familia tinha sido assassinada, mas porque a justiça falhou. Daí ele usar os seus próprios meios para acabar com o crime e não recorrer à justiça como os outros heróis.

Punisher: Year One



Porque ele iria para um seminário à procura de respostas pela sua falta de capacidade de perdão quando ele desde cedo sabe que não é capaz de perdoar quem pratique crimes violentos?

Nada do que Aaron conta, favorece as origens clássicas do personagem, se Frank já é um assassino desde jovem e não tem qualquer problema em matar, porque recorreria à justiça pela punição dos assassinos da sua família?



Todas estas alterações de tornar o Frank um pouco mais "vilão" do que "herói", servem para modificar a percepção do que os fãs e não fãs (aqueles apenas que usam a caveira sem conhecer o personagem). Pois, provavelmente a Marvel acredita que tornando o personagem mais "psicótico", vai de alguma forma fazer o personagem deixar de ser apelativo a determinados grupos aos quais a Marvel não se sente confortável.  















sábado, 13 de agosto de 2022

Análise: PUNISHER / JUSTICEIRO #5 (Vol.13, 2022)


 

Na passada 4ª feira tivemos mais uma edição do JUSTICEIRO que saiu nos Estados Unidos, infelizmente foi uma edição que pouco adiantou da história principal, mas tivemos algumas modificações no passado de Frank... E nada de favorável.


HISTÓRIA (SPOILERS!)


Como referi em cima, esta edição não desenvolveu muito o seu arco principal, mas sim o passado de Frank Castle nos seus anos de secundário e mais adiante. Contámos com algumas revelações sobre o facto dos poderes sobrenaturais da Arquisacerdotiza e pelo facto de Maria Castle ainda se manter viva devido à magia negra usada pela sacerdotiza e todo o meio e
nvolvente do quartel general do Tentáculo (Hand).

Arte de Jesús Saiz
Jason Aaron (escritor) adicionou um novo personagem ao passado de Frank, e muito importante que marcaria um ponto de viragem (mais um!) na vida de Frank Castle. Esse personagem chama-se Steadman Sternberger, um rapaz vítima de bullying até Frank se tornar o seu protector e amigo. Steadman apercebeu-se do lado negro de Frank e deu uma "ajuda" no relacionamento com Maria quando ambos se tinham acabado de conhecer. Steadman escreveu uma carta para Maria, fazendo-se passar por Frank e com isto acelerou o relacionamento Frank/Maria. Porém, a felicidade não durou muito pois algo trágico abate-se sobre Steadman e que novamente coloca Frank no seu lado mais negro.

ARTE

Como sempre a arte de Jesús Saiz não desaponta, excelente traço algo que tem sido muito regular nesta saga. Mas, a luz da ribalta desta vez cabe a Paul Azaceta, onde retratou muito bem o passado de Frank. O seu traço mais "grosseiro" deu muita personalidade à falta de qualidade da escrita de Jason Aaron.

Arte de Paul Azaceta



OPINIÃO FINAL

Infelizmente tinha algumas expectativas em relação a esta edição, esperei que houvesse um revés dos acontecimentos que levassem Frank no caminho correcto, mas devido à falta de desenvolvimento do arco principal nada se passou desde o final do número 4 e este número 5.
Jason Aaron continua a reescrever a história de Frank, algo que foi trabalhado por escritores ao longo de 49 anos e que até mesmo põe em causa os motivos "naturais" em que se tornou o Justiceiro. Desta forma, Aaron faz com que Frank tivesse o "Justiceiro" dentro de Frank desde a sua infância e não despoletado pela morte da sua família. Para quem leu a sua saga MAX, irá notar algumas parecenças com a escrita especialmente no relacionamento com a família. 
Este Frank Castle é um assassino desde a adolescência e até há idade adulta já conta com quase uma mão cheia de assassinatos, muito antes de ingressar nos Fuzileiros Navais.

Algo que para mim, não está a funcionar. Sendo um pouco mais "purista" no que toca a história de Frank, acredito que certos pontos não devem ser violados.

NOTA FINAL : 5 / 10

Próxima Edição
Será publicado nos Estados Unidos em 7 de Setembro 2022


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domingo, 17 de julho de 2022

Análise: JUSTICEIRO Vol. 13 #4 (Spoilers)


 

O Justiceiro #4 já saiu nos Estados Unidos na semana passada. Nesta edição contamos com algumas revelações importantes para o enredo da história e muitas "pontas soltas" para serem resolvidas.


História 

Depois de ler esta história e apesar de haver uma grande revelação, não deixa de não ser uma história confusa com memórias aparentemente implantadas em Frank pela Arquisacerdotisa.

Capa de Jesús Saiz
O problema da confusão é que toda a origem de Frank contada poderá não ser verdade, mas sim um conjunto de memórias implantadas para formam o Punho da Besta. O que será verdade ou ficção?

Um dos problemas desta história é que tudo é contado pela Arquisacerdotisa, Frank está resumido a poucas falas e quase a uma personagem secundária. Não sabemos o que pensa, nem sabemos as suas motivações e já levamos 4 números lançados. 



Um dos pontos altos desta história é sem dúvida Ares. Ares, o Deus da Guerra que pretende ter o seu discípulo mais valioso de volta ao seu normal e abandonar a espada e o Tentáculo. Pela primeira vez vemos Ares de forma espiritual a confrontar a Arquisacerdotisa e questionando o que ela fez para o Frank se ter juntado ao Tentáculo. 

O mais engraçado neste diálogo é que Ares com tudo o que pretende é que o Justiceiro volte às suas origens, como se fosse, e é, um fã de Frank Castle.






A ação deste número teve um abrandamento, apesar de contarmos com a presença da Mercenária e o Lorde Letal fazendo uma embuscada a Frank na citadela. É uma luta breve, a Mercenária facilmente desarma Frank armado apenas com a sua katana, por momentos temos um painel onde vemos o armamento pesado de Frank, mas num breve momento em que Maria aparece, Frank desperta os poderes da Besta e elimina o Lorde Letal com a faca da Besta no peito.



Um dos pontos trágicos nesta história é Maria Castle, que continua perdida, sem saber o que se passa com os filhos apenas tendo algumas memórias do Central Park, mas não sabendo que morreu nesse dia e ressuscitou pelas mãos do Tentáculo. Imagino que Frank está a ser manipulado por alguma magia e Maria também.

ARTE

A arte de Jesús Saiz e Paulo Azaceta são sem sombra de dúvida o que ainda vai mantendo alguma qualidade nesta saga. A escrita de Aaron está longe de impressionar, mas o traço de Jesús Saiz e os flashbacks por Paulo Azaceta realmente acrescentam um pouco mais de qualidade a esta história. 
Não esquecendo as cores de Dave Stewart que cria um ambiente fantástico tanto nos flashbacks como nos eventos no presente.


Conclusão

Como já tinha referido em cima, um dos grandes problemas desta saga são as decisões do Jason Aaron, Frank não passa de um personagem quase secúndario com poucas falas, está na sua história mas não sabemos as suas motivações. Parece estar tão perdido quanto Maria, independentemente de continuar a sua cruzada contra o crime, através dos recursos do Tentáculo.



Existem algumas perguntas a serem respondidas e seria interessante ver nos próximos números.

  • Porque Frank largou as armas e dedicou-se à espada?
  • Quais são as suas motivações?
  • Porque mudou o simbolo da caveira para "demónio"?

Avaliação Final: 7 / 10


Lançamento a 10 de Agosto


domingo, 26 de junho de 2022

[Análise] Justiceiro Diário de Guerra: Blitz (2022)

 


Já se passaram cerca de 16 anos desde o último titulo "Diário de Guerra" com o Justiceiro. Desta vez, não será uma série limitada, mas sim, três números com histórias isoladas, mas relacionadas com este novo Justiceiro, líder do Tentáculo.

História:

O Monge do Ódio ( Hate-Monger) tem sido um adversário com algumas presenças nas histórias do Justiceiro. Não sendo a mesma pessoa, o manto do personagem tem um legado. Curiosamente, no último Diário de Guerra, há 16 anos atrás, Frank enfrentou o terceiro Monge do Ódio.
Nesta história, Frank lidera uma missão juntamente com o Tentáculo com o objectivo de destruir as operações de tráfico de armas do Monge do Ódio.


Torunn Grønbekk
, conta-nos uma história onde Frank já tinha encontrado este Monge do Ódio, iremos ter esta história em desenvolvimento com os eventos do passado e presente.
De uma forma geral, foi uma boa história, com bastante acção e com o mais do que aguardado monólogo interno de Frank. Nesses flashbacks onde vemos Frank no passado, Torunn ainda desenvolve um pouco do lado humano de Castle. O Monge do Ódio foi um excelente vilão, não representado uma ameaça significativa para Frank, ele realmente dificultou o Justiceiro matando muito dos seus homens enquanto ele desmantelava as operações. 



Nem tudo são "rosas"....

Agora vamos falar do que não correu bem. A Marvel parece empenhada a afastar o Justiceiro de armas. Nesta história isso ficou bem claro, já não se trata apenas de uma opção de um escritor.
Quando vemos Frank debaixo de fogo pesado a solução táctica seria ripostar com fogo pesado, mas não aconteceu, tanto nas sequências de acção do presente como do passado, Frank não usa alguma arma de fogo. Frank ficou reduzido a lâminas, sejam facas ou espadas. É realmente uma pena que tomem esta decisão que nada tem a ver com o Justiceiro.
Outra situação foi a caveira, durante os flashbacks que se passam 10 anos antes do eventos actuais, vemos o Justiceiro com a caveira escondida pelo casaco, em momento algum até a conclusão do flashback que dura por muitos painéis, o Justiceiro não mostra a caveira. Nem depois da aparente conclusão do flashback.

A arte de Lan Medina deixou um pouco a desejar, não esteve a altura da qualidade da história. Faltou detalhe na sua arte. Muito àquem do trabalho desenvolvido durante a saga MAX do Justiceiro no arco "Widowmaker".



Conclusão

Como referi em cima, foi uma história agradável de ler, até ao momento não me parece exagerado afirmar que foi a melhor história deste novo Justiceiro desde que começou a saga. Contudo, os problemas de uso abusivo da espada deitou tudo a perder, porque não há justificação possível para restringir o Justiceiro apenas a armas de corte. Não há explicação para já, mas espero haja.

Este Justiceiro ainda não convence, e está cada vez mais dificil convencer. 


                            Avaliação: 7 / 10

Punisher #4 dia 13 de Julho nos EUA





Torunn Grønbekk

quinta-feira, 2 de junho de 2022

Análise: Punisher / Justiceiro Vol. 13 #3

 



A nova edição saiu na semana passada e focou-se principalmente na primeira morte de Frank.
A história começa com uma grande batalha da Hydra contra o Tentáculo, onde vemos o Frank a massacrar literalmente o inimigo liderando o Tentáculo. 




Mas o grande foco desta história gira em torno da primeira morte de Frank Castle. Jason Aaron claramente tirou algumas notas do trabalho de Garth Ennis na história "The Tyger" da saga MAX. Deixo um pequeno resumo do que se passou na história de Garth Ennis. 

Punisher MAX: Tyger por Garth Ennis


Frank perante toda a injustiça em seu redor, e ao ver a sua melhor amiga suicidar-se devido aos abusos de Vincent Rosa (filho de um alto mafioso de Brooklyn), o jovem Frank estava pronto para tirar a vida ao Vincent, não tendo completado a missão, porque o irmão da jovem amiga de Frank (Sal Buvoli), matou o jovem mafioso, com Frank a assistir a tudo. 

Este foi o primeiro contato de Frank com a justiça feita pelas próprias mãos.


Pelas mãos de um fuzileiro naval.









Em Justiceiro #3, Jason Aaron tornou o jovem Frank mais eficaz em relação à versão MAX. Tendo assistido a toda a violência de um brutal espancamento na rua e niguém impedir, não conseguiu ultrapassar tamanha injustiça, Frank tomou as medidas que achou correctas, tendo feito planos para deter este assassino.


Depois de todo o preparo, Frank detém este assassino de uma forma muito similar à forma como Sal Buvoli em Tyger executou o responsável pela morte da irmã. Pelo fogo.



Após a apresentação deste flashback, vemos pela primeira alguma divergência entre os interesses reais do Tentáculo e Frank. Claramente, Frank quer utilizar todos os recursos do Tentáculo para fazer a sua guerra em outro nível, algo em escala maior do que se fizesse de forma solitária. O Tentáculo por sua vez quer mais do Frank, quer que assuma a posição de Punho da Besta e não tanto para a sua guerra pessoal.


 Outra questão que não é menor, e Frank tem de lidar, é o facto de Maria ter de continuar a ser sedada pelo Tentáculo para manter a lúcidez, até agora completamente ignorante ao facto de ter morrido e ter sido ressuscitada.

Opinião final

Jason Aaron melhorou o ponto de vista do jovem Frank da forma como executou a sua primeira morte, não sendo fã deste tipo de abordagem, prefiro sempre a abordagem do Justiceiro/ Punisher ter sido um produto da casualidade e não de ter sido predestinado a sê-lo desde tenra idade. O que Jason Aaron quer mostrar é que Justiceiro esteve sempre em Frank Castle. Não foi a guerra, não foi o facto de perder a família, mas sim o destino.
Ainda não consigo dizer que estou a gostar desta saga, tudo ainda é muito "nublado" e incerto, provavelmente induzido por Jason Aaron. Mas esta número foi claramente melhor que o anterior.

A arte desta história tem sido brilhante nas mãos de Jesús Saiz e os flashbacks por Paul Azaceta, não sendo grande fã da sua arte, neste número esteve muito bem. A paleta de cores foi muito bem distribuída e visualmente agradável por Dave Stewart. 



Avaliação: 7 / 10

Próxima edição, o regresso do Diário de Guerra #1, que será basicamente a prequela desta saga de Jason Aaron. A primeira missão de Frank liderando o Tentáculo para deter o Monge do Ódio / Hate Monger. Esta edição será lançada dia 22 de Junho.

Arte por Mahmud Asrar